09 março 2014

Carta

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Eu não sei ao certo como começou. Mas sei exatamente como vai terminar. Você vai ir embora. E eu vou continuar sozinha. É como diz aquela citação da Ariane: "Talvez eu tenha ficado acostumada demais a ser uma rejeitada. Isso me cai bem, você não acha?" Isso parece meio autodepreciativo,
mas é a verdade nua e crua. Você vai ser como todos os outros. Vai chegar como quem não quer nada e depois vai me magoar ao máximo. Só então vai ir embora, vai sumir, vai fugir, vai desaparecer. Tudo bem colega, o que eu sou mesmo pra você? Uma garota especial ou uma garota? Nenhum dos dois certo? Eu sou apenas a garota que segurou em suas mãos quando sua mãe morreu, a garota que te fez pular de paraquedas, a garota que lhe ensinou a jogar xadrez. Você se lembra disso? Você lembra daquela música engraçada que me fazia rir quando você cantava o refrão? Você ao menos se lembra daquela vez em que fomos ao cinema e você quase me fez desistir de ver aquele filme porque você ainda não tinha lido o livro? Então eu apenas lhe disse que o filme era completamente diferente (o que por sinal era mentira). Você se lembra do nosso pacto? As pulseiras fluorescentes? Lembra? Lembra das madrugadas que passamos acordados trocando sms? Eu tinha aula no outro dia... Mesmo assim ficava acordada até as 4 da manhã falando com você. Você sabia que eu chorava quando você falava dela? Mesmo assim ouvia tudo atentamente, lhe dava meus melhores conselhos. Lembra que eu comprei um presente pra ela? Uma caixinha vermelha, a cor preferida dela... Ela deixou de brigar com você quando viu a caixinha. Ela lhe perdoou e eu fiquei magoada. Mas você era meu amigo certo? Eu não podia simplesmente separar vocês. Ver você triste era sinônimo de eu triste. Isso era maldade sabia? Mesmo assim eu continuava. Mas que raios você tinha na cabeça quando me beijou? Você lembra desse beijo não lembra? Era uma tarde nublada, ela não pôde vim ver aquele filme antigo do Woody Allen conosco. E o brigadeiro estava quente demais, você se lembra? E meu quarto estava cheio de pacotes de Ruffles vazio. E você disse que eu tinha brigadeiro no queixo. E você limpou esse brigadeiro com os lábios. E naquele momento eu sabia o que iria acontecer depois. E aconteceu. E depois você colocou o braço na minha cintura. E você tinha cheiro de eucalipto, meu aroma favorito. E agora decidi que não vou deixar você sumir. Eu que vou sumir primeiro Anjo. Obrigado por tudo. E jogue fora minha pulseira fluorescente.

2 comentários:

  1. Uau, adorei o texto!
    Confesso que me identifiquei, já passei por duas situações dessas, onde o cara apareceu como quem não quer nada e depois me magoou muito...
    Beijinhos
    http://www.meninadepalavra.com/

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    Respostas
    1. Acho que todo mundo já passou por isso... É uma grande maldade necessária da vida.

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