Estou num labirinto! E me pergunto: Como sair? Como sair desse labirinto? François Rabelais não soube. Alasca descobriu uma maneira. E eu? O que faço? Não me parece inteligente bater com um carro... Mas... Eu já fiz coisas mais estupidas...
Os dias passam cada vez mais devagar. Esse quarto, essa casa... Tudo isso me parece falso... Não encontro mais apoio em meus livros, as músicas só me indicam caminhos estranhos, os amigos são e não são os mesmos de antes. É como se o mundo risse de minha cara dizendo: "Não há mais chances pra você. Desista!" Mas eu não quero desistir. Não agora. Não agora que eu comecei a ler aquela distopia perfeita, que me faz pensar mais que Sócrates às vezes.
Mas... E quando ela acabar? Será que vai haver mais algo que me prenda aqui? Nesse mundo? Não tenho certeza de que posso esperar mais algumas horas, alguns dias, alguns anos... Não sei se amanhã meu corpo poderá suportar cortes profundos, mas ao mesmo tempo não sei se consigo parar.
Estou cansada, jogada num canto escuro de minha mente, relembrando momentos únicos, momentos que nem sei ao certo se são reais ou não. E pra quê?! Pra que raios estou fazendo isso? Vasculhando minha memória fraca em busca de felicidade... Sabendo que fazer isso só vai intensificar minha tristeza.
Quero fugir, mas para onde? Não há como fugir de você mesma, não há maneiras de fazer isso. Talvez essa seja a grande pegadinha do labirinto: Ele é você, o labirinto é você mesma. É o que você faz, o que você deixa de fazer. É você em si... A certeza disso me invade, a descoberta disso me leva cambaleante até a janela.
Me parece alto daqui... Não sei se consigo voar. Talvez eu seja um anjo preso nesse mundo. Talvez um demônio. Minha personalidade é tão falsa que não há maneira de saber ao certo o que eu sou. Eu quero cair. Quero sentir a sensação do vento batendo de contra a mim. Quero sentir o sabor amargo do pânico em minha boca. Quero cair.
E cair.Cair.
Cair.
Apenas isso.
Estou indo.
Apenas a queda pode me segurar.
Estou indo.
Sheyla Trapiá
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